
Yoga: Um Caminho para a Felicidade
Há milhares de anos, alguns sábios indianos nos deixaram um legado especial: o conhecimento da ciência da Yoga, cuja essência é exatamente a de mostrar um caminho por meio do qual poderemos alcançar estágios mais avançados de consciência e felicidade.
Origem Histórica
A história do yoga está estritamente vinculada à história da Índia (considerada o berço da civilização urbana), mais precisamente na civilização Indus-Saraswati. Seus antigos textos, os Vedas, são os registos mais antigos já encontrados pela humanidade, remontando mais de 7000 anos antes de Cristo.

Durante milênios esse conhecimento foi transmitido oralmente a seus discípulos, até que, devido a catástrofes e declínio populacional, resolveu-se começar a fazer os registros desses ensinamentos. Quando uma civilização sente que seu patrimônio cultural pode se perder, apressa-se para dar-lhe forma. Surgem então os primeiros Upanishads, Brahmanas e Aranyakas, textos sagrados que assentam as bases do yoga, que, junto com os Vedas, formaram o corpo da literatura revelada dos Hindus, o Shruti.
Portanto, por se tratar de registros tão antigos, torna-se uma tarefa complexa trazer todas as definições do yoga, pois além da perda de importantes textos ao longo dos anos, tinha-se uma dificuldade com o difuso perfil de algumas tradições orais, tornando difícil posicionar cronologicamente as grandes personalidades históricas vinculadas ao yoga, como o próprio sábio Patanjali.
A Busca pelo caminho da verdade e felicidade plena
Primeiramente existiu o yoga, depois seus apoios filosóficos. Porque quando Rishi parte para a floresta, renunciando a vida material, faz uma série de descobertas sobre si próprio, o que continua sendo essencialmente prático. Houve, no início, alguém que fez isso por intuição, determinação kármica, convicção ou simplesmente necessidade. A este primeiro asceta a tradição atribui toda a representação de Shiva.
A filosofia especulativa surge no momento em que esse yogi necessita transmitir sua experiência àqueles que vieram depois. Assim surgiu o sistema de transmissão do conhecimento, chamado Parampara (método iniciático de transmissão oral do conhecimento). É dessa forma que o yoga começou a atravessar o tempo.
Significado do Yoga
A palavra yoga deriva da língua sânscrita, e sua raiz yuj significa união e comunhão. Representa um caminho para a verdadeira união da nossa vontade com a vontade do Criador de Tudo que é (Deus, sabedoria suprema, universo, como você estiver acostumado a chamá-lo).
Sendo assim significa a união de todos os poderes do corpo, da mente e da alma a Deus; o correto disciplinamento do intelecto, da mente, das emoções e da vontade que o yoga pressupõe; um equilíbrio da alma que nos permite olhar para a vida, em todos os seus aspectos, de maneira equânime (Mahadev Desai).
O Espírito Universal
Segundo o pensamento indiano, tudo é permeado pelo Espírito Universal Supremo (Paramãtmã ou Deus), do qual o espírito humano individual (jivãtmã) faz parte.
O sistema é denominado Yoga porque ensina os meios pelos quais o espírito humano individual pode unir-se ou entrar em comunhão com o espírito universal supremo e assim assegurar a libertação (moksa).
Quem segue o caminho do Yoga é um Yogi ou Yogini e encontra a felicidade verdadeira.
Os Primeiros Registros Escritos
A história da Yoga como doutrina tem cerca de 5.000 anos e sua codificação se deu por volta do século II A . C ., por Patânjali, grande sábio que compilou os ensinamentos da Yoga através de um sistema respeitado e reconhecido até hoje, onde apresenta a sua base em 185 aforismos, nos quais ele apresentou os 8 passos para a iluminação ou estado de união com o Divino.

No sexto capítulo do Bhagavad Gita, que é a obra de maior importância na filosofia do yoga, Sri Krsna explica a Arjuna o significado de yoga como a libertação do contato com a dor e o sofrimento:
“Quando a mente, o intelecto e o ego (ahamkara) estão sob controle liberados da insaciabilidade dos desejos, de forma que repousam no espírito interior, o homem torna-se um yukta – um ser em comunhão com Deus. Quando a agitação da mente, do intelecto e do ego se aquieta por meio da prática do yoga, o yogi, pela graça do Espírito que reside em seu interior, encontra a plenitude. Ele então conhece a alegria eterna que está além do limite dos sentidos e que a razão não pode conceber. Este é o significado real de yoga – uma libertação do contato com a dor e o sofrimento.”
O Kathopanisad descreve yoga da seguinte maneira:
“Quando os sentidos se aquietam, quando a mente está em repouso, quando o intelecto não oscila, então, dizem os sábios, o estágio mais elevado é alcançado. Este imperturbável controle dos sentidos e da mente foi definido como yoga. Aquele que o atinge torna-se livre da ilusão.”
A Busca da Alma, o caminho da felicidade
As origens do Yoga se perdem nos séculos, mas existem alguns textos antigos que são considerados como principais referências para esta prática. Um deles é o livro os Yoga Sutras de Patanjali, onde, entre outras coisas, Patanjali enumera os meios apropriados para se alcançar o estado de iluminação através do yoga.
Ou seja, ele mostra como o yoga pode se tornar um caminho para a felicidade plena do ser humano individual e de toda a sociedade de forma geral.
São os oito estágios para a busca da alma, ou da iluminação, um estado de consciência mais elevada. São eles:
Yama
Mandamentos morais universais. Atua na maneira do yogi se relacionar com o mundo. Neste passo é desenvolvido o desejo profundo e a compaixão pelo próximo;
Niyama
Autopurificação por meio da disciplina. Trabalha a maneira como você se relaciona com você mesmo. Aqui se aprende a purificação do corpo, do coração, e a renúncia ao ego;
Asanas
Posturas corporais. Por meio das posturas realizadas com o corpo estimula-se todos os músculos, glândulas e capacidades psíquicas, mantendo corpo e mente saudáveis;
Pranayamas
Controle rítmico da respiração. Aprendendo a respirar corretamente e a aumentar e controlar o fluxo de prana no nosso corpo. Assim consegue-se o controle sobre as emoções e o desenvolvimento de poderes sensitivos maiores;
Pratyahara
Recolhimento e emancipação da mente e o domínio dos sentidos e dos objetos externos por meio da aquietação e meditação;
Dharana
Concentração, foco concentrado em um ponto ou situação. Aumenta o euilíbrio interior;
Dhyana
Meditação em seu estado mais elevado. Ponto onde a concentração atinge um estado profundo, de modo que dificilmente algum agente externo conseguirá causar uma distração. A mente se mantém vazia;
Samadhi
Estado de supraconsciência gerado pela meditação profunda, no qual o o aspirante individual se torna um com o objeto de sua meditação: o Paramãtmã ou o Espírito Universal. A mente para e a realidade pode enfim ser vista.
A Busca Interior
Em suma e integrando esses conceitos no dia a dia, os três primeiros estágios constituem a busca exterior. Yama e Niyama controlam as paixões e as emoções do yogi e o mantem em harmonia com seus semelhantes. Os asanas mantêm o corpo saudável e forte e em harmonia com a natureza. Por último, o yogi se liberta da consciência do corpo. Ele conquista o corpo e o converte em um veículo adequado para a alma.
Os dois estágios seguintes, pranayama e pratyahara, são conhecidos como a busca interior e ensinam o aspirante a regular a respiração, e deste modo, a controlar a mente. Isso ajuda a libertar os sentidos da escravidão dos objetos de desejo.
A Busca da Alma
Em conclusão, os três últimos estágios o mantêm em harmonia consigo mesmo e com o seu criador, são denominados antaratma sadhana, a busca da alma. São dharana, dhyana e samadhi que conduzem o yogi aos recessos mais íntimos de sua alma. Ele não olha em direção ao céu para encontrar Deus. Ele sabe que Deus está em seu interior, conhecido como Antarãtmã (o Ser Universal Interior). Aqui o yoga mostra a verdadeira felicidade ao yogi.
Pela meditação profunda, o conhecedor, o conhecimento e o objeto conhecido se tornam um. O observador, a visão e o que é visto não têm existências apartadas uns dos outros. É como um grande músico que se torna um com seu instrumento e com a música que dele emana. Então o yogi reside em sua própria natureza e alcança a realização do ser (Atman), a parte da Alma Suprema que reside em seu interior.

Os Benefícios
Apesar de todo esse significado como sistema ordodoxo da filosofia indiana, ao ser popularizado no ocidente o yoga perdeu um pouco do seu significado cultural, se tornando, em alguns lugares, uma mera atividade física. Ainda assim ele mantém muitos benefícios para os praticantes, como por exemplo:
- Melhora a flexibilidade
- Diminui a ansiedade e depressão
- Constrói músculos fortes
- Melhora a postura
- Previne dores nas articulações
- Protege a coluna
- Melhora a saúde dos ossos
- Melhora a corrente sanguínea
- Drena a linfa e aumenta a imunidade
- Eleva a frequência cardíaca
- Regula as glândulas adrenais
- Diminui o açúcar no sangue
- Ajuda no controle do sistema nervoso
- Faz você mais feliz
- Te ajuda a ser mais saudável
- Melhora o foco e a concentração
- Melhora o equilíbrio físico e emocional
- Ajuda a relaxar e eliminar estresse
- Combate insônia
- Turbina seu sistema imunológico
- Previne problemas no sistema digestório
- Melhora a respiração e a capacidade pulmonar
- Acalma a mente
- Melhora a autoestima
- Ajuda no autoconhecimento de forma geral.
No entanto muitas pessoas começam a praticar yoga, em alguma de suas modalidades, por motivos de saúde, apenas como uma prática esportiva. E conforme vão conhecendo e se familiarizando com a prática começam a pesquisar mais sobre sua origem e real significado e se encantam cada vez mais.
As Diferentes Modalidades
No contexto do Hinduismo, seis linhas de Yoga ganham destaque:
- Bhakti Yoga: este é o Yoga de devoção, no qual a força emocional e o amor do praticante são purificados e canalizados para Deus;
- Jñana Yoga: é a evolução através do conhecimento ou sabedoria;
- Karma Yoga: é o Yoga da ação e do trabalho voluntário;
- Raja Yoga: tem ênfase nas faculdades mentais, no caminho direto para a Meditação e na contemplação;
- Raja Vidya Yoga: conduz o praticante à iluminação da consciência de reverência e transmissão de energia, através de posturas físicas, pranayamas (técnicas respiratórias), relaxamento, técnica de concentração e Meditação para o despertar da consciência espiritual, além de mantras e kriyas (purificação do organismo);
- Hatha Yoga: tem como objetivo o desenvolvimento do potencial do corpo para alcançar a iluminação.
No entanto, a partir da linha Hatha Yoga, surgiram muitas outras vertentes:
Kryia Yoga
Método revivido pelo Mestre Babaji, que consiste em cinco técnicas para purificar e controlar o corpo e a mente.
Siddha Yoga:
É o Yoga dos grandes mestres, da devoção através dos mantras e da meditação.
Swásthya Yoga:
Sistematização do Yoga Antigo, realizado na década de 60. A prática foi feita pelo brasileiro DeRose, conhecido escritor e professor de Yoga.
Kundalini Yoga:
Tem como foco o processo de despertar o poder máximo de energia do praticante – aquele que carrega todas as potencialidades e que dá vida a todos os organismos. Além disso, o objetivo dessa prática é controlar e unir esse poder com sua consciência suprema, para fundir corpo e espírito.
Prakriti Yoga:
Ligada à natureza da vida, que se conecta com as forças e a energia.
Ashtanga Vinyasa Yoga:
Consiste na sincronização de posturas, movimentos e técnicas de respiração, que surtem gradativos efeitos físicos, mentais e espirituais. No Brasil, geralmente ensina-se a primeira e a segunda série. Para realizar a primeira, estima-se que o praticante leve de um ano e meio a três anos para aprender, se houver disciplina.
Iyengar Yoga:
Posturas com foco no alinhamento do corpo.
Anusura Yoga:
Significa fluir com graça ou seguir o coração. Une a filosofia tântrica, ancorada na valorização do bem, com princípios de alinhamento postural e meditações. Anusara prega a busca por harmonia e alegria, integradas ao fluxo da vida.
Yoga Integral:
Criada pelo mestre Sri Aurobindo em 1914. Objetiva o autoaperfeiçoamento do ser em todas as dimensões: física, emocional, mental e espiritual. Busca desenvolver as potencialidades latentes de cada um. É uma prática gentil, que integra Hatha Yoga com outros ramos, como Karma Yoga (prática da ação comunitária) e Bhakit Yoga (devoção), além de enfatizar a união com Deus.
Power Yoga:
Baseado nos estilos de Iyengar e Patabhi Jois – Ashtanga Vinyasa Yoga – dá ênfase aos asanas que requerem força e resistência. Adaptação dos estilos acima citados em uma prática vigorosa, encadeada por fluxos dinâmicos sincronizados com a respiração.
ViniYoga:
Este método enfatiza as necessidades individuais do aluno, dá ao praticante as ferramentas para atualizar o processo de autodescoberta e transformação.
SivanandaYoga:
Visa manter a vitalidade do corpo, retardar o processo de deterioração e diminuir as chances de doença, pelo simples e natural cultivar o corpo. As filosofias do sistema estão resumidas em cinco princípios: Respiração adequada (pranayama), asanas (exercíos), savasana (relaxamento), dieta vegetariana, pensamento positivo e meditação (vedanta e dhyana). A prática objetiva a espiritualidade e enfatiza a filosofia do vedanta. Além de recitar mantras, incorpora técnicas de todos os caminhos do yoga: karma, bakhit, raja e janana yoga. É focada em 12 posturas básicas e inclui pranayama intenso.
Neste post falo os principais pontos sobre o Hatha Yoga, uma das modalidades mais conhecidas de yoga no ocidente.
E você, já praticou alguma modalidade de yoga? O que achou? Coloca aqui nos comentários e vamos trocar ideias e experiencias sobre isso!
Gostaria de praticar Yoga, encontrar seu caminho da felicidade, e sem sair do conforto da sua casa, com um instrutor de Yoga e Meditação há mais de 10 anos e tem em seu currículo cursos de formação com Monge e cursos na Índia?
Paz e luz!
Namastê!
♡ ॐ
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